sábado, outubro 26, 2013

Comentários Eleison: A Queda da FSSPX

Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCXXVIII – (328) – (26 de outubro de 2013): 

A Queda da FSSPX


Para a Glória de Deus e pela salvação das almas é essencial analisar por que, nas atuais circunstâncias, um fim ameaça os 40 anos gloriosos de defesa da Fé pela Fraternidade Sacerdotal São Pio X. Um artigo e uma carta escritos recentemente podem ajudar nesse sentido: um artigo que analisa a queda da Fraternidade, e uma carta com uma nota de esperança com o modo pelo qual ela pode se reerguer.

O artigo apareceu na internet em francês (ver “Um Évêque se lève”). Depois de ler um livro sobre utopismo na educação moderna, que compara este com o mesmo sonho irreal na política moderna, o autor do artigo descobriu que o mesmo padrão em seis estágios poderia ser aplicado à FSSPX. Em primeiro lugar, o padrão: 1. Uma recusa da natureza humana como um dado para se trabalhar com, e não contra. 2. Um sonho de fabricar a criança/homem completamente nova. 3. A exclusão das estruturas naturais da família/sociedade. 4. O total remodelamento da criança para gerar uma nova sociedade perfeita. 5. Os resultados desastrosos, apesar de todas as boas intenções iniciais – 6. Crianças ignorantes e perversas, e uma sociedade em apostasia e fazendo guerra contra Deus.

Em segundo lugar, a aplicação à FSSPX: 1. A recusa da realidade da crise sem precedentes na Igreja. 2. O sonho de fabricar uma reconciliação entre a Igreja Conciliar e a Tradição. 3. A exclusão da interação natural entre os líderes e liderados. 4. Um total remodelamento da autoridade católica para se impor o sonho (na educação, na política ou na FSSPX, quando o sonhador se confronta com a dura realidade, ele é obrigado a usar todas as forças que tem à disposição para esmagar a realidade – seu sonho é muito mais amável). 5. A desastrosa stalinização da FSSPX resultante, apesar de todas as piedosas intenções. 6. Perda do espírito de luta, o que tende a conduzir à completa perda da Fé.

A carta que me chegou por e-mail segue as mesmas linhas gerais da análise, mas acrescenta uma nota de esperança. O Papa Francisco e o Bispo Fellay, por serem quem são (ambos utópicos, pode-se acrescentar), fazem o autor da carta pensar que o acordo entre Roma e a FSSPX certamente ocorrerá, e que a resistência será reprimida. Ele acha que, se a FSSPX cair, terá sido por subestimar os leigos e por subempregá-los para ajudar a estabelecer na Fraternidade o Reinado Social de Cristo Rei. A FSSPX precisa apenas restabelecer-se com os leigos para trabalhar por esse Reinado, e – aqui está a nota esperançosa – assim ela irá reunir e fortalecer todos os tipos de católicos que têm mantido a Fé apesar de tudo o que eles têm sofrido nos anos recentes, vindos do Novus Ordo, da Ecclesia Dei, dos Franciscanos da Imaculada, e de qualquer outro lugar. Assim, conclui o escritor da carta, “a FSSPX, pela ação daqueles fieis remanescentes, não irá mergulhar no caos, muito pelo contrário”.

De minha parte, apesar de concordar que o clericalismo (subvalorizando os leigos) tenha sido um aspecto do problema da FSSPX, não acho que seja a raiz do problema. Penso que a raiz tenha sido, antes, o generalizado voltar-se para o homem ao invés de para Deus (cf. Jer. XVII 5, 7), uma queda longe de estar restrita à FSSPX, com a conseqüente perda da verdade e falsidade objetivas, e do bem e do mal objetivos. Contudo, eu concordo com a visão do escritor da carta no tocante a uma nova aliança ser formada, em algum momento do futuro, de verdadeiros católicos vindos de todos os cantos da Neo-igreja e da Igreja, para levar adiante a Fé Católica (cf. Mt XIX, 30). Possa a FSSPX despojar-se de seus atuais problemas e passar a desempenhar um papel de liderança, ou melhor, um humilde papel nessa aliança.


Kyrie eleison

sábado, outubro 19, 2013

Comentários Eleison: Francisco sem Deus

Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCXXVII – (327) – (19 de outubro de 2013): 

FRANCISCO SEM DEUS


Os católicos que guardam algum senso real de sua fé estão sendo escandalizados pelas palavras e ações do homem que está atualmente sentado na cadeira de Pedro. Quase se pode perguntar se ele foi posto lá para destruir o que ainda resta da Igreja Católica. Como um verdadeiro filho do Vaticano II, ele está se desviando de Deus e se voltando para o homem. Aqui, por exemplo, estão as primeiras nove de onze citações chave extraídas (não por mim) de uma entrevista dada por Francisco em 24 de setembro para um editor ateu de um jornal italiano.

            As citações de 2 a 5 referem-se à Igreja (eu resumo): 2 A administração da Igreja deve ser mais horizontal e menos vertical. 3 A Cúria Romana está muito  preocupada em servir a si mesma. É preciso se voltar para o povo. 4 O Papa não deve mais ser um rei cercado por cortesãos lisonjeiros. 5 Muitos padres estão mais voltados para si, sendo assim obstáculos ao cristianismo. Ora, citações como essas irão obviamente satisfazer um público moderno e democrático que nunca gostou de que a Igreja oficial lhe dissesse o que fazer. Mas estariam essas citações sendo honestas ou justas com os inúmeros Papas, Cúrias, Administrações e padres que antes de Francisco mantiveram por 1900 anos a estrutura da Igreja pela salvação das almas? Irá Francisco, pelo contrário, deixar alguma estrutura de pé e alguma alma salva atrás dele?

            As citações 1 e 6 referem-se ao mundo: 1 Sob a minha guarda, a Igreja ficará fora da política. Para deixar o homem democrático se atirar no inferno? 6 Os dois piores problemas do mundo hoje são os jovens desempregados e a solidão dos idosos. Ora, esses são dois problemas humanos reais de hoje, mas por quê? Não é porque precisamente clérigos como Francisco deixam a política para políticos que priorizam o dinheiro em detrimento dos jovens? E porque clérigos como ele se recusam a cumprir aquelas leis da Igreja que ao manter a família unida ajudam a cuidar dos idosos?

As citações 7 a 9 referem-se à religião: 9 Jesus nos deu apenas um caminho de salvação: o amor ao próximo. Mas o amor ao próximo sem antes o amor de Deus, se torna ódio ao vizinho, como ocorre, por exemplo, no comunismo. 7a Converter pessoas não tem sentido. Faz o maior sentido se, como é o caso, ninguém pode atingir o Paraíso sem acreditar em Deus e em seu Divino Filho: Jesus Cristo! 7b Nós devemos todos nos misturar e mover uns aos outros para o Bem. Mas nós devemos todos nos mover uns aos outros em direção a Deus. O que mais é o Bem? Se Francisco não menciona Deus, quem irá acreditar em Deus?

            A citação 8 é a mais grave de todas: 8a “Eu acredito em Deus, não um Deus católico, não há Deus católico”. Isto é gravemente enganoso. Verdade, Deus é o Deus de todos os homens, mas ele instituiu para todos os homens uma religião, e somente uma religião, e essa religião é a católica. Assim o Deus do Catolicismo é o único Deus verdadeiro. 8b “Jesus é sua encarnação, meu guia e meu pastor, mas Deus, o Pai, Abba, é a luz e o Criador”. Também é gravemente enganoso. Esse “mas” não sugere que Jesus não é o Criador? Será que Francisco crê que Jesus seja algo mais do que apenas um homem? 8c “Cada um tem sua própria ideia de bem e mal e deve escolher seguir o bem e lutar contra o que considera o mal”. Isso não só é absolutamente enganoso, mas é a negação de toda moralidade objetiva, a negação dos princípios da moralidade católica. É um convite a todos os homens para que ajam do jeito que quiserem. Vindo do homem que por todas as aparências é um Papa Católico, é pura insanidade.

O Papa Francisco pode alegar que ele está tentando chegar até o homem moderno, mas chegar até ele sem Deus é como pular num rio perigoso para ajudar um homem que se afoga sem uma corda presa à margem. Irá se afogar junto com ele. Sua Santidade, o senhor não está ajudando, mas se afogando!

Kyrie Eleison. 

quinta-feira, outubro 17, 2013

Correção no Endereço Postal da Saint Marcel Initiative

Caros amigos,

            Infelizmente havia um erro no endereço da Saint Marcel Initiative publicado nos Comentários (326) da semana passada.
            O endereço CORRETO é 9051 Watson Rd., Suite 279, Crestwood, MO 63126, USA. (o errado mostrava 6051 como número da rua).

Pedimos desculpas pela confusão.


Os administradores do Dinoscopus

sábado, outubro 12, 2013

Comentários Eleison: Feliz Aniversário

Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCXXVI – (326) – (12 de outubro de 2013): 

FELIZ ANIVERSÁRIO

            Eu tenho novidades para todos os católicos que já entenderam o que fez Monsenhor Lefebvre. Uma casa com oito dormitórios está sendo comprada no sudeste da Inglaterra para servir como base de operações para quem quiser continuar seu trabalho fora da atual FSSPX. Durante um ano inteiro, desde a minha “exclusão” da FSSPX, eu tenho ficado quieto, ao menos fisicamente falando, observando e esperando para ver como as coisas iriam se desenvolver dentro da FSSPX; mas elas não vêm melhorando, infelizmente.

            E assim como o Monsenhor desejara que a Roma Conciliar trouxesse de volta o seu senso católico, de modo tal que não houvesse mais a necessidade de sua Fraternidade sustentar a Tradição; assim também alguém poderia estar agora a desejar que os presentes líderes da FSSPX trouxessem de volta o modo como o Monsenhor pensava sobre a Roma Conciliar, a ponto de a resistência ao seu conciliarismo virtual tornar-se desnecessária. Mas desejos não afastam a realidade, e essa realidade é que, assim como a Roma Conciliar está obstinada em sua apostasia, os líderes da FSSPX também não cessam de promover sua própria autoridade para fazerem o que eles bem querem com o legado do Monsenhor – ou seja, colocando a autoridade acima da verdade. É por isso que a construção se tornou uma necessidade para que se continue a servir à verdadeira Igreja.

            A casa está sendo comprada na Inglaterra por ser o único país do qual eu não posso ser expulso como estrangeiro. Está localizada no sudeste, com um clima relativamente suave para os padrões ingleses, em uma cidade não tão distante para quem pegar o rápido trem de Londres, e de fácil acesso por duas estações inglesas regularmente servidas pelo Eurostar de Paris e Bruxelas. É uma pitoresca cidade litorânea – amada por Charles Dickens, o mais famoso romancista da Inglaterra –, e deve ser um agradável lugar para os padres visitarem, relaxarem, falarem (com toda discrição), e se recomporem para o difícil apostolado dos dias de hoje. Mas irá custar mais ou menos 400.000 libras para comprá-lo, e seu funcionamento irá custar ainda mais do que meu atual estilo de vida frugal, no qual eu não tenho estado em necessidade e por isso dificilmente tenho feito alguma apelo. Que as pessoas que estão elas mesmas em necessidade não pensem em contribuir (veja II Cor 8, 12-13), mas que os investidores com investimentos frágeis pensem na transferência de fundos para suas contas bancárias completamente seguras no Céu antes do colapso do mercado de ações, e antes das notas de dinheiro se tornarem irreconhecíveis. Eu preciso conseguir um décimo da soma dentro de dois meses, e o restante logo em seguida.

* Pequenas contribuições em QUALQUER MOEDA por cartão de débito ou crédito de qualquer lugar do mundo podem facilmente chegar até nós via Paypal (Vá para  www.paypal.com/sendmoney e envie a contribuição para buildingfund@stmarcelinitiative.com.)
* Contribuições em libras esterlinas por cheque bancário ou cheque devem ser feitas e enviadas para St Marcel Initiative, P.O. Box 423, Deal CT 14 4BF, England.
* Cheque bancário ou cheque em DÓLARES AMERICANOS deve também ser feito para St Marcel Initiative e enviado para 9051 Watson Rd., Suite 279, Crestwood, MO 63126, USA (as contribuições nos EUA serão logo deduzidas).
* Em EUROS, os cheques devem ser feitos para “Institut Culturel St Benoît”, devendo ser enviados para ICSB, BP 60232, F78002 Versailles Cedex, France. Euros também podem ser enviados por transferência bancária de dentro da França para RIB - 20041 01012 6704 141J033 09; e de fora da França para a conta do International Bank de número (que deve ser suficiente) IBAN - FR85 2004 1010 1267 0414 1J03 309, com BIC – PSSTFRPPSCE.    
* Para transferência bancária de outro banco pedimos que, por favor, nos escreva para obter detalhes no seguinte endereço: buildingfund@dinoscopus.org, ou, nos EUA, use a conveniente forma “e-check/bank wire” em www.stmarcelinitiative.com.       

Mediante qualquer contribuição, por favor, marque “Fundo de Construção”. Agradeço desde já por toda e qualquer ajuda.


Kyrie Eleison                               

sábado, outubro 05, 2013

Comentários Eleison: Momento Fatal


Comentários Eleison – por Dom Williamson
CCCXXV – (325) – (5 de outubro de 2013): 

MOMENTO FATAL


A maioria dos leitores destes “Comentários” provavelmente já entendeu a essa altura o grave problema que está paralisando a defesa da Fé pela Fraternidade Sacerdotal São Pio X, e talvez eles prefiram ler outras coisas. Mas tal é a confusão criada em milhões de mentes pelo afastamento global da Fé, que eu acho que dificilmente alguém hoje pode analisar suficientemente a natureza da Fé, a necessidade da Fé e como ela vem sendo corrompida. Deixem-me então, sem querer ficar repetindo sobre os recentes infortúnios e violações da FSSPX, pegar mais um exemplo daquela história do ano passado.

O Capítulo Geral da Fraternidade, de julho de 2012, foi aclamado por muitos de seus participantes, imediatamente depois de seu encerramento, como um triunfo da unidade da Fraternidade sobre aquelas aflições e tensões dos meses anteriores. Desde aquele período, contudo, uma visão mais sóbria do Capítulo veio substituindo a euforia, e muitos daqueles que tomaram parte nele passaram a vê-lo mais propriamente como um desastre para a Fraternidade. Um dos participantes, ou capitulares, como eles chamam, descreveu um momento fatal: quando a liderança de 39 padres da Fraternidade (excluindo a mim) pôs sua própria Fraternidade e seus Superiores de frente para a Doutrina da Fé, tal como a massa de bispos católicos tem feito com o Vaticano II.

            As deliberações do Capítulo iniciaram propriamente com um sério ataque doutrinal do Reitor do seminário da FSSPX em Ecône à Declaração Doutrinal de meados de abril, pela qual a FSSPX tem oficialmente estado pronta para se comprometer com os neo-modernistas em Roma sobre o Concílio, sobre a Nova Missa, sobre o Novo Código de Direito Canônico e sobre a “hermenêutica da continuidade” do Papa Bento. O ataque foi expresso em termos moderados e respeitosos, mas foi mais grave em substância. Isso significou, na verdade, que aqueles que redigiram a Declaração, ou encorajaram que ela fosse submetida a Roma, foram incompetentes em matéria de doutrina católica. Se foram incompetentes conscientemente, eles traíram a Fé; e se o foram inconscientemente, eles se mostraram incompetentes para liderar uma Congregação Católica fundada para defender a Fé. Então um silêncio caiu sobre o Capítulo quando os capitulares começaram a perceber quão grave era a acusação implícita contra seus Superiores.

            Mas então o Reitor do seminário da Fraternidade na Argentina quebrou o silêncio ao dizer que o Capítulo não poderia dar uma bofetada em seu Superior Geral exigindo dele que revogasse a Declaração. A revogação, disse ele, estaria implícita na Declaração final do Capítulo. Assim, alguns outros capitulares levantaram um outro ponto, e o Capítulo mudou de assunto. No entanto, o problema doutrinal da traiçoeira Declaração de meados de abril não foi propriamente resolvido nem pela Declaração final do Capítulo, nem pelas seis Condições para um futuro acordo com Roma, e nem por alguma retratação clara subseqüente da parte do próprio Superior Geral; ao contrário. E a Fraternidade continua a ser conduzida, na prática, de acordo com a mesma política de ser gentil com os inimigos da Fé em Roma, que rasga em pedaços a Fé e, com ela, a Igreja.

            Como os capitulares puderam não ver que o “respeito pelos Superiores” estava sendo posto na frente da Fé? Como eles puderam não insistir que o problema doutrinário, de longe o problema mais importante diante de todo o Capítulo, devia se tornar claro, até todos eles poderem compreender totalmente qual ação deveria ser tomada imediatamente, e não habilmente posposta até o fim do Capítulo? A resposta deve ser que eles eram filhos do mundo moderno, como os bispos do Vaticano II, para os quais a doutrina da Fé não é uma necessidade vital, mas apenas algo que alguém aprende no seminário para se tornar padre, sendo então honrada, mas ao mesmo tempo mais ou menos negligenciada. Leitores, leiam!

Kyrie eleison.